20 outubro 2007

Fresta

Deram-me uma fresta na janela
e eu vi que as estrelas seguem seu rumo
independentemente de eu estar aqui.
Mas eu olho o universo e não me importo
se ele se expande sem me ouvir.
O que canto na janela só eu escuto,
pronto, fico feliz e me ponho a espiar mais
até que estes olhos que a terra há de comer
terra volte a ser,
planeta que circula uma estrela
de grandeza quinta
numa periferia do céu.
Enfim penso, minha vida é somente
um piscar de olhos da viva terra.
É ela que pelos meus olhos varre o céu,
sabe-se lá com que intenção.
Deram-me uma fresta na janela
e eu senti o pulsar do universo imenso
e me perguntei: O que a terra pretende
abusando assim do meu coração?

Um comentário:

Jacinta Dantas disse...

Impressiona-me a interação com a natureza que, a mim, esse poema propõe. Belo jeito de nos lembrar que um dia voltaremos a ser Terra. Terra, planeta mãe que precisamos cuidar bem hoje, uma vez que dela- ora somos partícipes ora somos o todo- pois a parte e o todo se integram na dinâmica do viver. Somos terra de gente e somos gente da terra. Afinal, "quando a gente gosta é claro que a gente cuida"(Peninha).
Jacinta Dantas