11 agosto 2007

Um corisco no chão

São pedaços,
cacos,
fragmentos de sonhos
o que tu vives.
Eu sei, pois estou fora deles
- rocha que sou.
Falo de dentro do céu
de onde qualquer pedrinha avista
o limite da tua ilusão.

Vai,
goza,
verás que tudo foge
no instante que tens
e que não terás.

Mas..., tu não sabes
e eu confesso:
É o despeito em mim.

Tu não conheces mais a aspereza que pesa
nem o silencio do espaço.
Rocha não és mais.
Ah, desejo uma explosão
que me faça cair
- rocha rodopiante e sem rumo -
em chuva de fogo sobre o teu planeta.
E como pó, mineral
que teu sangue precisa,
plasmar o coração do filho que conceberás
e através dele olhar para o céu
pra projetar nele
o que só na terra se encontra,
o paraíso onde as rochas
ganharam alma
e perderam o silêncio.

Um corisco no chão,
- sou ..., meu Deus! -
por isso essa ânsia aqui
e a barulheira que escuto,
palavras dentro de mim.

Ah, tu conheces um mestre
que ensine a um aturdido humano
a esvaziar a mente?

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