14 agosto 2013


Caem muitas luzes de asas e voos macios pelas manhãs
 
Faz-se uma janela ali, abre-se um lago de luz. Ele olhava a manhã e tudo estava nela, tudo. Mas nada estava completo, apesar de pleno. Vou pescar, ele disse. Como vais pescar, o outro perguntou e exclamou ao mesmo tempo. Vou pescar, ele afirmou novamente. Mas havia outra coisa naquele “vou pescar”. Se te conto agora este conto é pra te fazer um convite. Talvez ele se lembrasse de um poema, um poema de Pablo Neruda, talvez. As certezas se diluíam em uma espécie calma de satisfação e anseios. O poeta falava em pescar luz caída, com paciência, de um poço - que imagino escuro. Caem muitas luzes de asas e vôos macios pelas manhãs, e não pescar seria um desperdício.  Também vou pescar.

Um comentário:

Maria Helena disse...


Eu tb quero e vou pescar e quem sabe pesco uma asa de luz...