Caem muitas luzes de asas e voos macios pelas manhãs
Faz-se uma janela ali, abre-se um lago
de luz. Ele olhava a manhã e tudo estava nela, tudo. Mas nada estava completo,
apesar de pleno. Vou pescar, ele disse. Como vais pescar, o outro perguntou e
exclamou ao mesmo tempo. Vou pescar, ele afirmou novamente. Mas havia outra coisa naquele “vou pescar”. Se te conto agora este
conto é pra te fazer um convite. Talvez ele se lembrasse de um poema, um poema
de Pablo Neruda, talvez. As certezas se diluíam em uma espécie calma de
satisfação e anseios. O poeta falava em pescar luz caída, com paciência, de um
poço - que imagino escuro. Caem muitas luzes de asas e vôos macios pelas manhãs,
e não pescar seria um desperdício. Também
vou pescar.
Um comentário:
Eu tb quero e vou pescar e quem sabe pesco uma asa de luz...
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