20 dezembro 2011

Uma onda vem com uma instantânea abundância de alegrias, pequenos intensos contentamentos, um flash de momentos que apresentam gentis, amáveis pedidos. Um carro segue pela estrada empoeirada, numa tarde que ia chover e não choveu, tarde temperada de um frescor no ar e uma amiga luz no céu. Pintou-se o tempo, num instante, num arco-iris de resquícios de coisas da vida. Que boa sensação, sensação de viver, sensação de que a beleza que se escondia, sorridente se apresenta agora nos eventos mais ordinários, numa estrada que faz suas curvas no coração, num carro que levanta as poeiras dos dias, uma estrada qualquer, um carro indo embora, feliz. Ali, nos campos por onde o carro passa, vai um cavalo solto em disparada. Um menino corre também, rindo, rindo, rindo, e quando o carro passa ele acena e continua correndo como se ele e o cavalo e o campo e a estrada e o carro constituíssem a dança, a dança que desdobra a dor, que explica o caminho da estrela. 

4 comentários:

lula eurico disse...

Belo fluxo...

Abç

Paula Barros disse...

Senti uma leveza tão gostosa. Com cenas belíssimas. O cenário posso compor na mente.

abraço.


(ontem escutei Cesária, Nina Simone..e escutei My Way na voz de Elvis e Frank Sinatra, gostei mais)

Dauri Batisti disse...

Paula,

postei o texto com o link para uma música cantada pela Cesária Évora (de Cabo verde) como uma singela homenagem por ocasião de sua morte estes dias.

Sua voz articula de modo especial beleza e tristeza.

eder ribeiro disse...

Neste momento, eu só queria saber com dobrar a dor em várias partes até ela desaparecer. Abçs.