28 julho 2011

Inesperado sol

73

Os meninos o acompanharam e Augusto não se incomodou, gostava de vê-los ali nos seus passos, como se fossem filhos, passos silenciosos, talvez também os meninos tivessem compreendido que a morte sempre vem com silêncios que se jogam sobre todos por um momento, os passos se cadenciavam, os silêncios vem e logo se vão, ocupam seus lugares sem muita demora os barulhos e vozes da vida, pegou o carro, os meninos subiram na carroceria e então soltaram as palavras e os risos, apesar de um tanto contidos, mas já se afastavam do peso da morte de dona Estelita, o poder da morte parecia se esvair naqueles sorrisos, naquelas palavras leves que trocavam sobre o carro, sobre dirigir, riam de qualquer coisa, de um balanço maior do carro que se dirigia para onde o padre estava, o padre entrou na boleia e também ele se ia em semelhanças com os meninos nos sentimentos que deixava à vista por entre as feiçoes e os modos, parecia aliviado de alguma dor, cantava baixinho outra música, queria Augusto sentir a mesma coisa, não sentia, não era luto o que o cobria, era a urgência de ir embora que dobrava-se sobre seus olhos com nuances de cinzas e fumaças.