Inesperado sol
6
Logo encontrou o prédio da administração. Estava ali, imponente ainda, mesmo que no desuso e na carência de reparos, sobre pequena elevação do terreno, bem defronte ao cais e a uma certa e boa distância da siderúrgica. Um prédio de dois andares em estilo eclético que parecia datar das primeiras décadas do século vinte. No frontal, acima da porta principal ladeada por quatro janelas de cada lado, o mesmo se repetindo no andar superior, também se via aquele nome que se derretia no alto da caixa d'água.
Apareceram assim como que do nada quatro meninos capitaneados por um branquelo e magro de uns onze anos que foi logo perguntando se ele iria reativar a fábrica. Olhando para as chaves estava, olhando para as chaves continuou sem lhes dar atenção. Tentava descobrir e acertar de primeira a que abriria aquela grande porta de entrada. A porta está aberta, senhor, disse o tal menino, a segunda é que está trancada, e bem trancada, e o menino disse isso empurrando a banda direita que foi cedendo e girando sobre suas dobradiças sem ranger.
Como por uma simples vontade de contrariar à gentileza e esperteza do menino, mas não era isso que lhe definia as atitudes naquele momento, voltou à caminhonete alvorada 62 e ordenou com uma certa rispidez que os meninos o deixassem trabalhar. Saindo correndo com os braços abertos brincavam de aeroplanos voando, os quatro aviões tinham uma das asas se formando em desequilíbrio com o resto do corpo pois levavam goiaba em uma das mãos, ou outra fruta mordida, não reparou bem. Nos roncos guturais e suaves daqueles pequenos aviões ele ouviu um indistinto mas apertado sentimento, uma música, stardust talvez, ou o som descompassado que se deu no vão entre a porta que o menino abriu e o filho que não chegou a ter com ela. Amava-a. Desacreditava do amor, amor, que amor é esse? amava-a. Embora o meio-dia não tivesse marcado o rosto de ninguém por ali, aquela música fazia o sol ir adiantado, bem adiantado em tardes de olhares nômades.
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Logo encontrou o prédio da administração. Estava ali, imponente ainda, mesmo que no desuso e na carência de reparos, sobre pequena elevação do terreno, bem defronte ao cais e a uma certa e boa distância da siderúrgica. Um prédio de dois andares em estilo eclético que parecia datar das primeiras décadas do século vinte. No frontal, acima da porta principal ladeada por quatro janelas de cada lado, o mesmo se repetindo no andar superior, também se via aquele nome que se derretia no alto da caixa d'água.
Apareceram assim como que do nada quatro meninos capitaneados por um branquelo e magro de uns onze anos que foi logo perguntando se ele iria reativar a fábrica. Olhando para as chaves estava, olhando para as chaves continuou sem lhes dar atenção. Tentava descobrir e acertar de primeira a que abriria aquela grande porta de entrada. A porta está aberta, senhor, disse o tal menino, a segunda é que está trancada, e bem trancada, e o menino disse isso empurrando a banda direita que foi cedendo e girando sobre suas dobradiças sem ranger.
Como por uma simples vontade de contrariar à gentileza e esperteza do menino, mas não era isso que lhe definia as atitudes naquele momento, voltou à caminhonete alvorada 62 e ordenou com uma certa rispidez que os meninos o deixassem trabalhar. Saindo correndo com os braços abertos brincavam de aeroplanos voando, os quatro aviões tinham uma das asas se formando em desequilíbrio com o resto do corpo pois levavam goiaba em uma das mãos, ou outra fruta mordida, não reparou bem. Nos roncos guturais e suaves daqueles pequenos aviões ele ouviu um indistinto mas apertado sentimento, uma música, stardust talvez, ou o som descompassado que se deu no vão entre a porta que o menino abriu e o filho que não chegou a ter com ela. Amava-a. Desacreditava do amor, amor, que amor é esse? amava-a. Embora o meio-dia não tivesse marcado o rosto de ninguém por ali, aquela música fazia o sol ir adiantado, bem adiantado em tardes de olhares nômades.