O último porto do rio
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O destino desfavorável faz misteriosas parcerias com certas pessoas em certas ocasiões. Uma dessas estranhas sociedades se deu com a senhora esposa do dono da companhia. Se já me doía a tentativa de, pelos pensamentos, encontrar as palavras certas para dar à Maria Júlia as devidas explicações, ainda mais me dói um sufoco no peito e uma dor sem lugar certo no corpo quando ouço da senhora para os barqueiros a ordem de passar ao largo do cais dos pretos e apressar a descida. Maria Júlia, distraída pela felicidade, não me vê, mesmo me olhando, sem pensar me ver naquela barcaça, de fato não me vê; espera procurando as barcaças de café. Mas então me vê. A sombrinha que ela girava, um mundo feliz cujo eixo se apoiava no seu ombro e na sua mão, descontinua de rodar. Parada ela olha sem entender. Faço um leve aceno com o chapéu, ela imóvel. Peço aos barqueiros que parem no cais dos pretos. A senhora desordena-me. Digo que lembrei que tenho negócios do interesse da companhia a resolver ali, ela não me ouve e manda os barqueiros prosseguirem com a viagem. A curva do rio logo encobrirá o cais. Uma linha de anzol lança-se do seu olhar triste, último arremesso, talvez, meu Deus. Lembro-me do seu pedido que não serei capaz de atender. O que farei agora no Porto do Mar, pergunto-me. A linha estica-se, estica-se, a barcaça desce, desce, o anzol rasga a guelra do peixe.
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O destino desfavorável faz misteriosas parcerias com certas pessoas em certas ocasiões. Uma dessas estranhas sociedades se deu com a senhora esposa do dono da companhia. Se já me doía a tentativa de, pelos pensamentos, encontrar as palavras certas para dar à Maria Júlia as devidas explicações, ainda mais me dói um sufoco no peito e uma dor sem lugar certo no corpo quando ouço da senhora para os barqueiros a ordem de passar ao largo do cais dos pretos e apressar a descida. Maria Júlia, distraída pela felicidade, não me vê, mesmo me olhando, sem pensar me ver naquela barcaça, de fato não me vê; espera procurando as barcaças de café. Mas então me vê. A sombrinha que ela girava, um mundo feliz cujo eixo se apoiava no seu ombro e na sua mão, descontinua de rodar. Parada ela olha sem entender. Faço um leve aceno com o chapéu, ela imóvel. Peço aos barqueiros que parem no cais dos pretos. A senhora desordena-me. Digo que lembrei que tenho negócios do interesse da companhia a resolver ali, ela não me ouve e manda os barqueiros prosseguirem com a viagem. A curva do rio logo encobrirá o cais. Uma linha de anzol lança-se do seu olhar triste, último arremesso, talvez, meu Deus. Lembro-me do seu pedido que não serei capaz de atender. O que farei agora no Porto do Mar, pergunto-me. A linha estica-se, estica-se, a barcaça desce, desce, o anzol rasga a guelra do peixe.
19 comentários:
Este capítulo dedico ao Eurico.
http://euliricoeu.blogspot.com/
Acompanhei mesmo na viagem e gostei mais assim desse jeito, mas do outro também gostava. Você pode fazer dos dois modos que vai me agradar. Abraço especial de Feliz Natal!
E venho aqui, devolver a visita e os votos de um Feliz Natal pra você também!
Ih,
É um livro. Acho que vou ter que acompanhar do início para entender, rs.
Dauri, um amigo que pega as palavras, as enfeitiça e nos envia de presente...
Que seu Natal seja cheio de magia, e paz e que a harmina seja uma constante em sua vida...
Que em 2010 as palavras amor e felicidade continuem encantadas por voce...
Beijos!
Dauri,
desejo a vc um Natal abençoado e harmonioso junto aos seus, onde prevaleçam o amor, a alegria, e que 2010 seja um ano repleto de realizações, tto pessoais qto profissionais...bjo!
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...e o anzol rasga a guelra do peixe.
demais!!
obrigado pela visita... aguardo então as informações sobre a sua relação com as palavras hehe
um ótimo natal à vc e sua familia!!
até mais.
Estou bem, poetamigo e irmão.
Ando a exercer poética/à/mente o controle de minhas mais profundas vias, das capilares passagens da vida. Controlo células com meu D'us interno rsrsrs
Isso me tem absorvido tempo e energia.
Do mundo exterior me vem a acidental fratura do femur da minha genitora; as agonias neófitas de minha filha em primeiro emprego público; a chegada dos familiares das Gerais, a visitar a avó e o tio (eu, mesmo) convalescentes. rsrsrs
Esses os motivos do sumiço momentâneo.
Grato pela homenagem, que, vinda de ti, me deixa envaidecido, mais do que devo ou mereço.
E, como não poderia deixar de fazê-lo, deixo aqui o meu abraçamigo e fraterno, com os meus votos que faço a cada translação do planetinha azul (cuidemos dele!) em torno do nosso Sol: paz, saúde, e fraternidade!
vejo que está navegando em outras águas, a da prosa; se pegar gosto vai viciar.Agradeço a felicitação e extendo a ti e a tua família um Natal cheio de pas e um ano Novo de Luz.
Grande natal e sua familia!
...querido lindo,
Natal é Paz, Natal é Amor,
Natal é Luz de nome JESUS!
...à você que caminhou comigo
por todo este tempo, e que
por isso considero um amigo
especial, um irmão de caminhada
nesta jornada terrestre,
à você que comigo "trocou"
tantos pensamentos e idéias
do bem,
quero deixar meus sinceros desejos
de que tenhas um maravilhoso NATAL!
um beijo!
Ah! Dauri, vai à diriva e segue o fluxo...
Uma nostalgia tá looooonge essa imagem mas é tão linda...
Um beijo e obrigada pelo crinho, viu?
Bom natal prá ti também.
Vai continua esse conto que assim, 'ispiando de esgueira tá é lindo e deve de ser mais comprido que cumprido'
Venho desejar-lhe também
Feliz Natal.
Um forte abraço.
Dauri, fico feliz de chegar dezembro, mais um ano de conquistas e saúde e amigos...
No virtual tenho tido muitos momentos de emoção e conhecido pessoas, e especialmente fico feliz de chegar dezembro lendo seu blog, que me causa profunda emoção, reflexão, e é fonte de inspiração.
Desejo a você que um dia você possa me conhecer e me dá um abraço. rsrsr Gostou dessa? Porque é o que eu desejo.
Mas também desejo de coração e com muito carinho tudo de bom para você e sua família e amigos, e que as dificuldades que por acaso surjam vocês possam superar, com união, discernimento e serenidade
deixo abraço com carinho, para esse Natal e todos os outros dias.
Hoje é véspera de um dia muito especial entao vim aqui espalhar alegria e desejar um natal repleto de felicidades, um enorme abraço!
...essa coisa da imagem desenhando alguma solidão na gente, comove, mais move o lábio ao riso que a lágrima correr inversa para dentro do olho. Estava sol, dito e feito, lá longe desenhava alguma nuvem dispersada e alguma gaivota teimosa migrando a fome para além montanha. Ela estava mais rude, menos plácida, mas ainda assim bela...
Abraços amigo.
Bom natal, boas festas.
poeta, Feliz Natal!
A felicidade de te ler toma proporções maiores neste conto preparado com tanto carinho. Meu caro bom tê-lo sempre presente e ter sua amizade neste ano. Que 2010 nos traga felicidades, realizações e novas idéias. Grande abraço meu caro.
Não tenho comentado, perdoe-me. Mas, tenho lido, me deliciado, me apaixonado...
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