V
(O que contais?)
Ali esfaquearam muitas palavras,
puro amor de transformá-las
em carnes de sustento. Mas
aquele não lhe parecia o lugar.
Avistavam-se as ânsias
de dar ao dia o que lhe bastasse.
Olhou a última página,
a mente do poeta entre
as exigências e o tédio;
o espírito do cientista entre
nuvens de gás e o abismo do cosmo.
Por fim o emblema na escolha:
um cristal, a tarde
e o canto de um passarinho.
Na porta de ir embora lhe esperava,
ao lado do sentido possível,
a experimentação de outra pronúncia.
Uma ponte inexplicável
incompletava-se
entre o sol e o coração.
Faltava-lhe um vão.
6 comentários:
É nesse vácuo que encontro sempre a minha poesia...
Abraços, amigo.
Esse vão eis de ressurgir.
Abraços Dauri
É é esse descabimento que me faz acreditar que você é mesmo um não-poeta, querido Dauri.
Isso é arte e você é artista.
Isso é fluxo que escapa de vão de cabeça.
Um beijo
Oi Drauri, passando pra dar um alo, sua inspiraçao é infinita, sempre com belos poemas!
Será o vão que faz as palavras criarem pontes? Entre a mente e o coração,um vão, uma ânsia, metáforas, interpretações.
Ler você é querer saber interpretar, é querer saber ler, saber escrever, saber sentir na profundidade do se perder em si.
beijo
A busca dessa outra pronuncia preenche o vão. Não é assim? Pelo menos eu tenho essa esperança.
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