III
Nada. Só um leve soprar de vento.
A página indecisa. Virar-se ou não.
A página leve, seca, a ponto de rasgar-se
ou desfazer-se em cinzas. Livro de atas,
outra era a imagem antes,
páginas densas de palavras,
relatos de ganhos, lucros. Nada.
Nenhuma flor. Atas.
Contas que não contam mais.
Glória do passado é nada.
A capa preta com letras douradas
no chão. Papelão. O vento soprando
e a página indecisa entre virar-se ou não,
ou rasgar-se, folha seca no vento levada
pelo pátio em meio à sucata,
velha fábrica,
galpões do século vinte.
13 comentários:
QUERIDO DAURI, GOSTO MUITO DE TE LER AMIGO... ADOREI ESTE POEMA... UM GRNDE ABRAÇO DE CARINHO E TERNURA,
FERNANDINHA
Galpões do século vinte, ouvinte, o som espalhado, o tom enovelado pela cápsula da sorte. Um tormento, pernas entrecruzadas num anseio quase primaveril, quando as rosas desabrocham para mostrar os dentes de pólen, um sussurro e um vício, aquele resquício nostalgia bandeando a suadade de lado, como um chapéu de abas curtas, que encobria a franja em brilhantina, sapatos lisos e lustrosos, o vento assoprando alumbramento...
Ei Dauri, não resisti, rs.
Gostei dessas asperezas.
Abraços, amigo.
Me chamou a atenção "a página indecisa" - porque quando indecisa ficamos ao sabor de muitos ventos.
Outra frase que me chamou a atenção foi - " Glória do passado é nada".
que bom que atualizou. beijo
Saudade que estava das tuas palavras. Da poesia letra a letra, encrustrada em cada uma delas.
Bjos,
Ly
Olá meu novo amigo.
Passei para conhecer seu blog e Adortei esse poema.
Voltarei mais vezes.
Uma semana de muita paz, amor e luz.
Beijinhos doces, meu amigo.
Regina Coeli
Dauri, a sensação que tenho, é que estás a revirar escombros... Um passado representado por velhas lembranças... Vidas vividas e que deixaram marcas...
São nossas raizes.. por mais que doa... são nossas raizes!
Pelas fotos da casa da fazenda, percebe-se que tiveste uma infância linda! O cenário é de sonhos...
Que bom que estas revivendo isso, atraves da poesia!
Um beijo carinhoso!
Palavras que falam da cama onde deitam...
Gosto do som de tuas palavras mas também das imagens... E sou muito sensorial logo me chegam os cheiros de papéis amarelados dos velhos livros de atas...
Abraços,
Mai
contas que não contam mais... sendo levadas em pátios de galpões do século vinte... viram poesia no século vinte e um!
e da boa...
boa sexta-feira! :)
Ah,"essa coisa assassina que é escrever"...
Cortázar
Abraço forte,Dauri.
Continuemos...
Hoje decidi visitar todos os blogs que acompanho.
E é com imenso carinho que
venho lhe desejar
um belo final de semana
Um abraço carinhoso
O vento dá vida à página, mas aumenta a sua dúvida: virar-se ou não, rasgar-se ou não.
Belo poema!
Suas asperezas são como o sobrar de um vento doce.
Abraço, Amigo.
Conflitos entre o escritor e a sua pena, ou folha de papel. É da natureza dos poetas. Curiosamente, é motor-gerador de versos. Como estes.
Um abraço!
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