16 março 2008

Sensível, lilás

Tarde da noite ouvi um grunhido.
Um bicho em agonia, nem na rua, nem no quintal,
mas na minha pele, grunhia pelos poros,
no sal do suor se mostrava e se escondia,
no limite da vida entre a chance e o desperdício.
Não, prestando mais atenção percebi
não era de um bicho, nem um grunhido,
era a melodia de um espírito,
passageiro, fugaz, que morria.
Sensível, lilás, belo espírito de um dia.

10 comentários:

Mike disse...

Um homem vestido de fera
amaciada pela brisa do crepúsculo
que inunda e transborda e afoga e amortece o fantasma do dia que se vai mas deixa marcado na carne pêlo água-viva o último suspiro... de agonia (ou prazer).

Dauri, seus versos são sempre estonteantes... você tem uma leveza no escrever e as palavras tanto se encaixam que parecem fluir da ponta dos seus dedos, do interior dos seus olhos, da chama que se manifesta no seu sexo e circula a cabeça assim como contorna os pés, formando o símbolo do infinito... infinito de possibilidades que emanam da tua poética.

Grande abraço
Mike

Luciana Cecchini disse...

Simplesmente humano. Sentimento puro, cru. Doeu ler. Acho que porque já me senti assim. Muito bom, você escreve muito bem!

Bjo

Luci:))))

Toninho Moura disse...

Espírito que nasceu novamente no dia seguinte.

Braços!

Jorge Elias disse...

O tom lilás desse espirito diz muito amigo...

Abraços,

Jorge Elias

Jorge Elias Neto disse...

Prezado Dauri,

Estive visitando o ESSE OFÍCIO e me deparei com a frase abaixo escrita por Rubem Braga:
“Hoje estamos em um brejo com mormaço, e acho que tão cedo não sairemos disso. Eu sou uma velha vaca atolada. No brejo naturalmente.”.
Também lí as 200 crônicas preferidas de Rubem Braga.
Sou um grande admirador de seus textos e sua prosa em muito me influencia.

Abraços,

Jorge Elias

Anônimo disse...

Lindo poema Dauri, obrigado pela visita.
Volte sempre e comente sempre.
RaissaCards.

Hanna K. disse...

estou te descobrindo...e tô gostando...

fjunior disse...

acho que o Mike disse tudo o que eu gostaria de dizer... gosto dos teus versos...

octavio roggiero neto disse...

é, Dauri, são estes entardeceres que sentimos na pele, nas esperas pelo existir em plenitude, talvez com a morte, talvez com um renascer...

Anônimo disse...

É..realmente cada dia tem seu espírito... muitas vezes não percebemos o seu tom suave e desperdiçamos mais um que poderia ser lilás, rosa, azul da cor do céu!
Muita chance desperdiçada...

Abração