O homem na noite longa
pensa e pesa.
O filho não chega da casa do rei
que não tem coroa, dinheiro muito é o que tem.
E armas também.
O sono pesa, na água afunda, os olhos fecham.
Uma música salvará a vila.
A música que ninguém conhece.
O menino gosta de violão,
quer voltar a tocar.
Há de comprar novas cordas.
Mas ele anda muito ocupado
a serviço do rei. Agitado, assustado.
Ninguém canta, os monges tentam, mas não funciona.
Que monges, que nada! É a tv.
Os demônios se alvoroçam, fazem ouvir seu murmúrio zombeteiro.
Algo reage, a alma quiçá, ou o que está nas vagas
entre o coro dos monges e o coração.
Quer subir, abrir as asas, voar sobre a cidade
e descobrir onde o menino está.
Estampidos, música de demônios.
Estampado no chão. Mãe assustada, pai cansado.
Esperança? Não, nenhuma. Mataram mais um.
Na porta de casa. O filho talvez.
O menino se debate, sonha que na água afunda
- o mar é vermelho -
e quer acordar
pra subir,
subir
com as cordas nas mãos.
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