A sala não comportava
a espera da noticia que o médico daria.
A morte chegara
pra levar ao “Tudo” mais um.
Mas ainda não.
Para lá da porta tentavam
o resgate do respiro e do tambor do coração.
Tentavam espantar para longe aquela cor
E a imobilidade do corpo.
Na sala de espera só ela.
Ninguém mais ocupava lugar,
senão ela, a espera,
que apertava o coração,
o baço, o fígado, o aço dos nervos
e compactava a vida toda num momento só,
de solidão.
Nesse momento
de minutos maiores que um longo ano ruim,
aquela porta de duas bandas se abriu,
o médico apareceu e deu a boa noticia:
A vida venceu.
Que alívio!
Na infinitude das eras do universo
O pouco de tempo que se tem com a vida
não permite a ninguém
ter todo o conhecimento dela.
Estranha e bela sempre será.
Em verdade, em verdade lhe digo – me disse a vida –
tudo passará e o Tudo chegará.
Mas tenho minhas desconfianças que o Tudo seja nada.
Perdoe-me o medo, ó Tudo!
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