26 junho 2007

Secreções

Escrevi umas palavras
Num lenço de papel
Escorridas de repente
De uma febre-de-dizer.
Alguém em mim queria
Expurgá-las lá de dentro
Sem que me tenha dado
A noção de compreender
Essas razões irrazoáveis
De falar quando o silêncio
Seria de sábio o bom conselho.

Não corria bem a caneta
Por entre as flores brancas e mais flores
E rasgava em vales secos
Trechos incompletos.

Quando tudo estava posto
E precariamente concluído
Pude ser sem muito zelo
Meu primeiro leitor.
Fiquei leso, frio, gosmento.
A secreção escorreu
O lenço sem remorso
Voltou a ser o que era
E eu já não eu.

Nenhum comentário: