02 dezembro 2007

Contentamento suficiente

Que escuridão repentina aquela que veio
descontinuando a outra que se aproximava!
Era uma densa e larga sombra na boca da noite,
enchendo-a de diversa beleza no momento do ângelus
como fumaça escura de incenso sobre o altar
na penumbra da catedral.
Desfez-se logo em aguaceiro forte sobre a cidade,
um sinal que apressado enxerguei,
promessa de torrencial felicidade para o futuro.
Todavia a chuva, ou o céu de onde ela vinha,
ou um anjo imenso e travesso com asas cinzentas,
exigia o que não imaginei:
deixar-me lavar daquele avelhantado ganancioso eu
que me impedia de ouvir
o “dai-nos hoje” de rosários por séculos,
e ser novo e recolher o contentamento suficiente
... de cada dia.

6 comentários:

Anônimo disse...

"Contentamento suficiente"

Adorei! Simplesmente belíssimo esse poema Dauri, como todos não é?

Elogiar você é chover no molhado!

Bem querido, tem presentinho pra você no meu blog!

Bjs

Vivi disse...

Lindíssimo! Quando eu crescer quero ser assim como você!
Um beijo!

Jacinta Dantas disse...

Bonito isso: "o dai-nos hoje" de ros�rios por s�culos...
Passe l� no florescer que tem um presentinho para voc�.

Jacinta

Silvia Chueire disse...

Obrigada pela visita e pela gentileza, Dauri. Foi bom vir conhecer o seu blog.

Um abraço,

Silvia

Jânio Dias disse...

"- Sou filho da terra e do céu.
Dai-me de beber, que tenho uma sede sem fim".

Abraços!

fjunior disse...

gosto das imagens que você constrõe... a forma como diz... em outras palavras, o cheiro de ferro queimado... e no mais, todos nós deveríamos aprender a nos contentar com o nosso de cada dia.. de fato as coisas seriam melhores... afinal, os lírios não trabalham e nem nada e ainda assim...