Abrir uma brecha
Quando eu te amo... já amei
e o amor... foi. Tu passaste e eu também.
Seres perecedouros, sem presente, presos numa interrupção;
um acidente entre mentes, entre tempos.
Voltarei a te amar, sempre, pois que sobrevivo quando amar.
Mas já não sou, fui, já não amo mais.
O amor... é outro. Amarei novamente.
O amor parece ser assim como o que escrevo aqui: gesto.
Movimento de mãos, pensamentos passageiros, olhares viajantes.
O jeito é inventar amor, criar amor, fazer um para cada momento,
e se alegrar e forçar a vida a abrir uma brecha cada vez maior
entre a estrela que nasceu e a que explodiu.
Forçar, forçar, forçar o absurdo, o milagre
entre o nada e o nada a mais
7 comentários:
Amores passageiros, curtos e sempre marcantes, essa é minha interpretação pessoal do texto. abraço!
Pipilo,
Mais do que passageiro, e além de, amor que só é enquanto escolho amar em cada momento. Preciso "presentificar" o amor. Senão ele fica lá atrás, passa.
Quando eu leio seu poema, já li. É como se o poema me falasse da aventura de se criar o próximo passo, sem saber muito bem o passo seguinte, senão no momento em que ele está acontecendo; e quando descubro o passo, ele já é passado. E a aventura continua numa espécie de abertura ao imprevisível e o que fica é o momento de agora. Estou lendo seus poemas.
Confuso né?
Beijos
Não Jacinta, não é confuso não. É exatamente isso que você disse, "quando descubro o passo ele já é passado". Gostei da frase.
Uma poesia com uma âncora na Física, no espaço-tempo de Einstein e Kurt Godel. Tudo já passou, não existe tempo, nem passado, nem futuro.
Um abraço!
P.S.: Obrigado pela visita ao condado, além das palavras gentis.
Quando percebo, você se foi.
Quando percebo, você nem veio.
Quando percebo, quem sou eu?
Lindo, amigo, lindo!
Belíssimo, como sempre, como tudo.
"O jeito é inventar amor, criar amor, fazer um para cada momento,
e se alegrar e forçar a vida a abrir uma brecha cada vez maior"
Se agente deixar o amor passar, passou!
=D
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