26 junho 2007

Olhar que gasta

Com aquele olhar assustado
Meio aceso
Meio apagado
Entre as inocências
E as maldades
Tinha aprendido a falar sem usar palavras
Não que as dispensasse
Articulando as estritamente necessárias.
Aquele menino
Gostava mesmo era de olhar
E de tanto olhar gastava a coisa olhada
Que seu olhar logo se desencantava
E não queria mais olhar.

Todos estranhavam
E profetizavam coisas ruins.
Os pais assustados rezavam
E no fim se rendiam ao seu olhar.
Era tão doce, estranho e distante.
É o olhar de quem vê a morte,
Esse menino não vai durar,
teimavam.

Levar pra benzer podia ser
Ou quem sabe pro padre rezar
Ou talvez fosse melhor inverter
E pedir a ele a benção.
Sei lá.
Vai que o menino é santo!

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