29 junho 2007

Essa solidão me passa

Essa solidão me passa
como estrada do interior
onde, na curva, ela se aproxima do rio.
Ali, onde se pode beber água
e os mais corajosos podem mergulhar.

Mas eu,
eu não faço nada,
me basta olhar pro rio
num tempo que não se marca,
relógio que não corre,
água que nunca chega ao mar.

Só quero me sentir só.
Sem saudade, nem desejos,
sem sofrimento e sem prazeres.
Comandado pelos olhos
parados,
fixos,
a cumprir outra função
que não a de enxergar.

Mas logo
a solidão,
a estrada,
o rio passa.
A vida volta,
de cheio.

E aqui, é um vazio só.

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