I
Arquivos oficiais secretos por muitos anos
naquele distante outono que caía
no refrão daquela velha canção que ninguém esquecia
revelaram relatos de uma mulher sobre ovnis.
Ela pulava sobre flores nos próprios pensamentos
enquanto seguia com seu cachorro pelo parque.
Ela nunca sorria, mas sorria enquanto pulava sobre flores
no pensamento. Inesperadamente aconteceu. Rosas
rubras com bordas alaranjadas brilharam
bem diante dela. A partir daquele dia
as horas se esvaziaram, a solidão aumentou.
Ninguém acreditava. Mas havia um projeto do governo,
um projeto de muitos anos, com muitos documentos,
os seus relatos e muitos outros. Nada se confirmou,
nem um sinal, nem um rastro, nem um perfume,
ou odor de outro planeta e ETs.
Ocorreram-lhe pensamentos sem entender
sobre amores desgostosos e fugazes. Vida
que ela nunca viveu, amores intensos. Dias que caiam
e se iam. Mas ela viu. Ela viu um homem, ela tinha certeza.
No entanto, agora, preferia usar a expressão teria visto.
Sim, teria visto um homem que saiu de um objeto
brilhante e esférico, e veio em sua direção
e lhe falou em inglês com sotaque de escandinavos.
A nave poderia ser só uma rosa de pétalas rubras
e bordas laranjas. Mas rosa tão grande! As emoções
permanecem e as naves se vão. Viram luzes.
As coisas mudam, um vaso chinês se quebra e ela,
ela somente passeava com seu cachorro em um parque.
Haviam viajado para a Terra de outro planeta,
foi o que um deles disse sem poder dizer. Poderia ela
encontrar um amor e viver sem ver coisas do céu?
Mas ja tinha escrito uma carta para a Força Aérea.
22 março 2009
21 março 2009
XI
Encerrando a série per aspera ad astra
Fim das rosas, os espinhos secam,
tornam-se mais pontiagudos; outra florada
é incerta. Dias que se anunciam
com esplendor logo são séculos passados,
sombras quebradas de um jardim tomado pelo mato.
A vida floresce linda demais em rosas amarelas,
até se pode crer que o vergel será sempre florido.
O sol se levanta como se a tarde só fosse
um capítulo a mais de uma ficção que se lê
em horas vagas. Mas, olhando bem, se vê,
sim, se vê, se percebe, se reconhece paisagens,
paisagens que escrevem naturalmente
o fim das rosas, e os espinhos...
O sol segue em declive para a despedida do dia,
destinos de adeus que nunca cessam. A lembrança -
rosas, pessoas no jardim, sorrisos - forja
pensamentos mutantes em torno do mesmo ponto:
per aspera ad astra. O coração cheio de mundos,
volta-se para o horizonte já bem anoitecido,
e apoia o olhar nas estrelas.
Encerrando a série per aspera ad astra
Fim das rosas, os espinhos secam,
tornam-se mais pontiagudos; outra florada
é incerta. Dias que se anunciam
com esplendor logo são séculos passados,
sombras quebradas de um jardim tomado pelo mato.
A vida floresce linda demais em rosas amarelas,
até se pode crer que o vergel será sempre florido.
O sol se levanta como se a tarde só fosse
um capítulo a mais de uma ficção que se lê
em horas vagas. Mas, olhando bem, se vê,
sim, se vê, se percebe, se reconhece paisagens,
paisagens que escrevem naturalmente
o fim das rosas, e os espinhos...
O sol segue em declive para a despedida do dia,
destinos de adeus que nunca cessam. A lembrança -
rosas, pessoas no jardim, sorrisos - forja
pensamentos mutantes em torno do mesmo ponto:
per aspera ad astra. O coração cheio de mundos,
volta-se para o horizonte já bem anoitecido,
e apoia o olhar nas estrelas.
-
Dauri Batisti
20 março 2009
19 março 2009
IX
Continuando a série per aspera ad astra
A mão viaja estonteada rabiscando astros selvagens,
estrelas em revoltas de fogo no papel reciclado,
e topa pela frente com inesperadas letras perdidas de
antigas palavras impressas. Letras românticas,
sozinhas e desorientadas, viajantes
do século vinte, orgulhosas, sem consciência
de que não dizem mais nada.
Os astros rebeldes – o desenho é confuso –
girando fora de qualquer lei,
também podem ser radiantes pedras preciosas
a cumprir no papel funções de mistério.
O brilho dos astros ou das pedras
quando esbarra nas letras perdidas
forma ondulações e variações de ondas
que podem indicar ali, resquícios
de antigas forças de amor. Se bem que,
do mesmo modo podem indicar,
uma pedra estourada,
uma árvore serrada, ou
um animal sem paz, um pardal,
um búfalo, um javali, um bem-te-vi.
Há ainda outras possibilidades.
A mão por instantes sobrevoa o papel
na ignorância do melhor risco a traçar
e definir o desenho. Subitamente desce
e desenha espíritos benfazejos,
mãos segurando chamas ao modo
de antigas lâmpadas romanas de óleo.
Mas o olhar descontenta-se. Propõe nova folha,
áspera, cinza, aberta,
e conduz a mão para traçar o amor,
per aspera ad astra,
como última e poética paisagem.
Continuando a série per aspera ad astra
A mão viaja estonteada rabiscando astros selvagens,
estrelas em revoltas de fogo no papel reciclado,
e topa pela frente com inesperadas letras perdidas de
antigas palavras impressas. Letras românticas,
sozinhas e desorientadas, viajantes
do século vinte, orgulhosas, sem consciência
de que não dizem mais nada.
Os astros rebeldes – o desenho é confuso –
girando fora de qualquer lei,
também podem ser radiantes pedras preciosas
a cumprir no papel funções de mistério.
O brilho dos astros ou das pedras
quando esbarra nas letras perdidas
forma ondulações e variações de ondas
que podem indicar ali, resquícios
de antigas forças de amor. Se bem que,
do mesmo modo podem indicar,
uma pedra estourada,
uma árvore serrada, ou
um animal sem paz, um pardal,
um búfalo, um javali, um bem-te-vi.
Há ainda outras possibilidades.
A mão por instantes sobrevoa o papel
na ignorância do melhor risco a traçar
e definir o desenho. Subitamente desce
e desenha espíritos benfazejos,
mãos segurando chamas ao modo
de antigas lâmpadas romanas de óleo.
Mas o olhar descontenta-se. Propõe nova folha,
áspera, cinza, aberta,
e conduz a mão para traçar o amor,
per aspera ad astra,
como última e poética paisagem.
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Dauri Batisti
18 março 2009
VIII
Ao acender a lamparina
para procurar um dos relógios perdidos
sinto no vento que vem
a sensação de uma flor da noite que se abre.
Na mente? Na mente, nos olhos, no espírito,
no jardim. Titubeante, situo-me entre
proteger a chama do vento que sopra,
distinguir o cheiro que vem
e lançar atentos olhares de busca.
As sombras formam frases
que cantam um amor perdido.
Um grito. Ouço. Ou penso que ouço
na mente, nos olhos, no espírito,
no jardim. Seja o que for, existe,
está aqui, tem perfume, ou fedor, ainda
não distingo bem.
Seja o desejo, a cegueira, o medo da morte,
o dissonante grito, o amor perdido, ou a flor.
Afinal, no poema, o que importa,
per aspera ad astra,
é a inexplicável procura de poesias,
busca sem fim pelos relógios perdidos,
aqueles que marcam a graça
de cada ordinária hora
do mais comum dos dias.
Ao acender a lamparina
para procurar um dos relógios perdidos
sinto no vento que vem
a sensação de uma flor da noite que se abre.
Na mente? Na mente, nos olhos, no espírito,
no jardim. Titubeante, situo-me entre
proteger a chama do vento que sopra,
distinguir o cheiro que vem
e lançar atentos olhares de busca.
As sombras formam frases
que cantam um amor perdido.
Um grito. Ouço. Ou penso que ouço
na mente, nos olhos, no espírito,
no jardim. Seja o que for, existe,
está aqui, tem perfume, ou fedor, ainda
não distingo bem.
Seja o desejo, a cegueira, o medo da morte,
o dissonante grito, o amor perdido, ou a flor.
Afinal, no poema, o que importa,
per aspera ad astra,
é a inexplicável procura de poesias,
busca sem fim pelos relógios perdidos,
aqueles que marcam a graça
de cada ordinária hora
do mais comum dos dias.
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Dauri Batisti
14 março 2009
Continuo falando insignificâncias. Inversos tristes. Deboches. Per aspera ad astra. Ficção. Não se esqueçam. Crio personagens, elaboro suas falas. Poemas não são necessariamente confissões; os meus são muito mais ficções. Ficções que passam pela minha mente e pelo meu coração. Conscientemente escrevo inversos. Ando procurando caminhos contrários aos dos versos, das poesias. Falo insignificâncias, tristes insignificâncias . Prometo uma NOVA SÉRIE mais "normal". Obrigado pelas visitas e comentários.
VII
A porta do armário estava aberta, amor,
levemente aberta,
e o infinito entrava por entre os tecidos.
O vento que soprava não tinha poder de fechá-la
ou abri-la, de vez. Ele tocava
nas mangas das camisas em suaves movimentos,
bandeiras cansadas dos territórios do corpo,
das lutas dos dias. Quis gritar por ti. Mas não,
não te chamei. Prestei atenção.
Um instante de universo atravessou
com o meu próprio olhar a fundura do espaço do armário
alojando ali, por detrás das roupas,
um lago, imenso lago, quase um mar
de águas mornas e sem marolas.
Um vento mais forte não veio
e tudo ficou imutável por um longo, longo tempo.
Olhei. Desejei um alento, um ímpeto, um impulso.
Nada. Tive a impressão de que em algum lugar do mundo
uma paixão se esvaía por causa da porta do armário.
A paixão se esvaía por ali, pelo universo que
se expandia no vão da porta.
Quis impedir, levantando-me para fechá-la,
não consegui. Eu não tinha forças. Repeti, como oração,
a frase per aspera ad astra. Sem efeito algum.
Desejei o mistério daquele momento
para pensar para ti, meu amor,
um poema lindo. Nada. Só o cansaço,
o torpor, o sono sem dormir, as lâminas afiadas das horas,
o calor, o vulgar dos dias, o ordinário
proclamando seus deboches.
VII
A porta do armário estava aberta, amor,
levemente aberta,
e o infinito entrava por entre os tecidos.
O vento que soprava não tinha poder de fechá-la
ou abri-la, de vez. Ele tocava
nas mangas das camisas em suaves movimentos,
bandeiras cansadas dos territórios do corpo,
das lutas dos dias. Quis gritar por ti. Mas não,
não te chamei. Prestei atenção.
Um instante de universo atravessou
com o meu próprio olhar a fundura do espaço do armário
alojando ali, por detrás das roupas,
um lago, imenso lago, quase um mar
de águas mornas e sem marolas.
Um vento mais forte não veio
e tudo ficou imutável por um longo, longo tempo.
Olhei. Desejei um alento, um ímpeto, um impulso.
Nada. Tive a impressão de que em algum lugar do mundo
uma paixão se esvaía por causa da porta do armário.
A paixão se esvaía por ali, pelo universo que
se expandia no vão da porta.
Quis impedir, levantando-me para fechá-la,
não consegui. Eu não tinha forças. Repeti, como oração,
a frase per aspera ad astra. Sem efeito algum.
Desejei o mistério daquele momento
para pensar para ti, meu amor,
um poema lindo. Nada. Só o cansaço,
o torpor, o sono sem dormir, as lâminas afiadas das horas,
o calor, o vulgar dos dias, o ordinário
proclamando seus deboches.
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Dauri Batisti
13 março 2009
prosseguindo com a série Per aspera ad astra
VI
O pé sobre a cadeira,
a lembrança dos teus olhos tristes,
o impulso como ato de amor,
a mão erguida
tocando asas invisíveis,
desatarraxando a lâmpada queimada
por acreditar em desejos, sonhos, coisas novas,
luz. A outra lâmpada no bolso,
sobre o coração,
com seus filamentos intactos que logo
serão incandescentes.
As coisas ficavam mais bonitas
pelos teus olhos tristes
e densos, talvez tristes de amor,
que eram capazes de enxergar e mostrar
o que mais ninguém via.
Há tempos brilhava esta lâmpada nesta sala
... ainda estavas aqui.
Olhos tristes de amor... podem ser?
Hoje pondo outra luz no lugar
caio no escuro da falta, no claro
da saudade que me faz te rever
no comum dos dias, em cenas vazias. Dirão:
versos desconexos. Direi:
versos mentirosos, inversos, protestos,
per aspera ad astra, coisas
insignificantes, a troca de uma lâmpada,
um ponto de dor, aqui, bem aqui,
aonde agora coloco a luz que se apagou,
no bolso da camisa
sobre o coração. Desço da cadeira
aperto o interruptor, a sala se ilumina. Amar
é tão difícil, viver sem amor
será mais ainda.
VI
O pé sobre a cadeira,
a lembrança dos teus olhos tristes,
o impulso como ato de amor,
a mão erguida
tocando asas invisíveis,
desatarraxando a lâmpada queimada
por acreditar em desejos, sonhos, coisas novas,
luz. A outra lâmpada no bolso,
sobre o coração,
com seus filamentos intactos que logo
serão incandescentes.
As coisas ficavam mais bonitas
pelos teus olhos tristes
e densos, talvez tristes de amor,
que eram capazes de enxergar e mostrar
o que mais ninguém via.
Há tempos brilhava esta lâmpada nesta sala
... ainda estavas aqui.
Olhos tristes de amor... podem ser?
Hoje pondo outra luz no lugar
caio no escuro da falta, no claro
da saudade que me faz te rever
no comum dos dias, em cenas vazias. Dirão:
versos desconexos. Direi:
versos mentirosos, inversos, protestos,
per aspera ad astra, coisas
insignificantes, a troca de uma lâmpada,
um ponto de dor, aqui, bem aqui,
aonde agora coloco a luz que se apagou,
no bolso da camisa
sobre o coração. Desço da cadeira
aperto o interruptor, a sala se ilumina. Amar
é tão difícil, viver sem amor
será mais ainda.
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Dauri Batisti
11 março 2009
Per aspera ad astra, pelas aspereza às estrelas, continuando no deboche de mim mesmo,
do que escrevo, dos versos que não são versos, ... Obrigado, amigos, pelos comentários.
Ando abarrotado de rascunhos, de idéias, mas com preguiça de fazer acabamentos e postar.
Meu carinho é certo, mesmo que sem navegar nestes dias pelos blogs dos amigos. Um beijo.
V
Olho, no claro voam os peixes,
no escuro nadam os gansos,
Escher elabora poesias e simetrias.
Paro, antes de existir o jardim só existiam
o céu e a terra. Não sei quando, no chão,
no pó seco e resseco
surgiu sem propósito, ou por milagre,
um rio. O rio
abriu um canal, criou um barranco
úmido e lodoso, donde, num belo dia,
por um raio talvez, caiu um torrão.
Um torrão. Caí, nasci,
saí, me desbarranquei.
Acordei de mim, me vi imagem
das coisas do alto, das de baixo também.
Eu não sou eu, sou a imagem.
Sou sendo a imagem. Não sou. Confuso. No claro
voam os peixes, no escuro
nadam os gansos,
me vejo assimétrico e tonto.
Me convenço, por raciocínio, que sou bom, sou feito
de um torrão de um barranco de um rio de um jardim.
Repito: sou de um torrão de um barranco de um rio
de um jardim. As flores e todas as belezas
surgiram comigo, depois de mim,
pois que dei nome para cada capim:
capim santo, capim meloso, capim cidreira,
capim colonial, capim brachiária, capim roseira
capim orquídea, capim poesia, capim doideira,
capim amor, capim humildade, capim natura, capim cultura,
capim eu, capim você. Sopra um vento
passa um tempo, o capim que vicejou logo secou.
Ai, a palha queima. Me queimo antes, de amor.
É o que vale a pena... vale a palha... a vida.
do que escrevo, dos versos que não são versos, ... Obrigado, amigos, pelos comentários.
Ando abarrotado de rascunhos, de idéias, mas com preguiça de fazer acabamentos e postar.
Meu carinho é certo, mesmo que sem navegar nestes dias pelos blogs dos amigos. Um beijo.
V
Olho, no claro voam os peixes,
no escuro nadam os gansos,
Escher elabora poesias e simetrias.
Paro, antes de existir o jardim só existiam
o céu e a terra. Não sei quando, no chão,
no pó seco e resseco
surgiu sem propósito, ou por milagre,
um rio. O rio
abriu um canal, criou um barranco
úmido e lodoso, donde, num belo dia,
por um raio talvez, caiu um torrão.
Um torrão. Caí, nasci,
saí, me desbarranquei.
Acordei de mim, me vi imagem
das coisas do alto, das de baixo também.
Eu não sou eu, sou a imagem.
Sou sendo a imagem. Não sou. Confuso. No claro
voam os peixes, no escuro
nadam os gansos,
me vejo assimétrico e tonto.
Me convenço, por raciocínio, que sou bom, sou feito
de um torrão de um barranco de um rio de um jardim.
Repito: sou de um torrão de um barranco de um rio
de um jardim. As flores e todas as belezas
surgiram comigo, depois de mim,
pois que dei nome para cada capim:
capim santo, capim meloso, capim cidreira,
capim colonial, capim brachiária, capim roseira
capim orquídea, capim poesia, capim doideira,
capim amor, capim humildade, capim natura, capim cultura,
capim eu, capim você. Sopra um vento
passa um tempo, o capim que vicejou logo secou.
Ai, a palha queima. Me queimo antes, de amor.
É o que vale a pena... vale a palha... a vida.
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Dauri Batisti
07 março 2009
Encontrei no livro Um retrato de artista quando jovem de James Joyce (editora Alfaguara, página 201) a expressão Per aspera ad astra e tive a idéia desta nova série. Pelas asperezas às estrelas. Não acredito em inspiração, nem me considero poeta, nem sonho em publicar livro de poemas. Escrevo asperezas (inutilidades, insignificâncias) como deboche de mim mesmo, da minha mania de escrever em forma de versos (estrelas).
IV
O teclado
e a chave do carro ao lado.
Teclado e chave,
sinais de estradas, jornadas,
espírito de águia, às vezes asas quebradas.
Asperezas doem em cada dígito,
espadas, facas, punhais,
galáxias e pessoas em cada letra.
Amor, amar mais, talvez, sair por aí.
O que fazer? O teclado ou o volante?
Pegar o carro e ir pela beira do mar afora,
agora, embora a dor siga
junto. Nada melhor do que dirigir por aí,
escrever talvez.
Escrever caminhos na estrada, horizontes,
pássaros e voos. Te encontrar.
Escrever um coração nas asperezas
sem querer publicar livro, escrever para viver,
para reencontrar o rumo, para voltar e tornar a ir,
escrever alguém esperando o sol,
o sol mais lindo da vida,
sair por aí, pela beira do mar afora
encarando o sol e o dia, e ser feliz assim.
Te encontrar.
No ouvido dói
o coração. Poesias pontiagudas,
espadas, facas, punhais,
Bruce Springsteen canta
Working on a dream. Ir.
Te encontrar. Talvez.
IV
O teclado
e a chave do carro ao lado.
Teclado e chave,
sinais de estradas, jornadas,
espírito de águia, às vezes asas quebradas.
Asperezas doem em cada dígito,
espadas, facas, punhais,
galáxias e pessoas em cada letra.
Amor, amar mais, talvez, sair por aí.
O que fazer? O teclado ou o volante?
Pegar o carro e ir pela beira do mar afora,
agora, embora a dor siga
junto. Nada melhor do que dirigir por aí,
escrever talvez.
Escrever caminhos na estrada, horizontes,
pássaros e voos. Te encontrar.
Escrever um coração nas asperezas
sem querer publicar livro, escrever para viver,
para reencontrar o rumo, para voltar e tornar a ir,
escrever alguém esperando o sol,
o sol mais lindo da vida,
sair por aí, pela beira do mar afora
encarando o sol e o dia, e ser feliz assim.
Te encontrar.
No ouvido dói
o coração. Poesias pontiagudas,
espadas, facas, punhais,
Bruce Springsteen canta
Working on a dream. Ir.
Te encontrar. Talvez.
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Dauri Batisti
03 março 2009
III
Nada. Só um leve soprar de vento.
A página indecisa. Virar-se ou não.
A página leve, seca, a ponto de rasgar-se
ou desfazer-se em cinzas. Livro de atas,
outra era a imagem antes,
páginas densas de palavras,
relatos de ganhos, lucros. Nada.
Nenhuma flor. Atas.
Contas que não contam mais.
Glória do passado é nada.
A capa preta com letras douradas
no chão. Papelão. O vento soprando
e a página indecisa entre virar-se ou não,
ou rasgar-se, folha seca no vento levada
pelo pátio em meio à sucata,
velha fábrica,
galpões do século vinte.
Nada. Só um leve soprar de vento.
A página indecisa. Virar-se ou não.
A página leve, seca, a ponto de rasgar-se
ou desfazer-se em cinzas. Livro de atas,
outra era a imagem antes,
páginas densas de palavras,
relatos de ganhos, lucros. Nada.
Nenhuma flor. Atas.
Contas que não contam mais.
Glória do passado é nada.
A capa preta com letras douradas
no chão. Papelão. O vento soprando
e a página indecisa entre virar-se ou não,
ou rasgar-se, folha seca no vento levada
pelo pátio em meio à sucata,
velha fábrica,
galpões do século vinte.
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Dauri Batisti
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