15 novembro 2007

Eu tive um carrão

(se possível leia esse poema ouvindo Yann Tiersen)

Meninos com seus carrinhos...
Mas eu?
Eu tive um carrão.
Ele era lindo
apesar de abandonado,
parado, depois de muito rodar.

Deixei-o alojado para sempre
aqui dentro
nas proximidades do coração,
numa garagem qualquer
no limite com o pulmão.
Quando penso nele
minha respiração muda.

Ainda sinto agora aquele cheiro
de óleo queimado.
Olhar pelo vidro trincado,
mãos no volante emperrado,
motor roncando na garganta.
Estradas sem fim
em tempos de hojes tão grandes.
Viagens que eu nunca mais fiz.

(Quem quiser ver um carro bem parecido vá ao essajanela)

Um comentário:

Jacinta disse...

Dauri,

Seu jeito de escrever me leva prá tantos lugares! Esse "carrão", de outras formas, também esteve presente na minha infância. É mesmo um barato esse negócio de poetar. Lindo.

Ana Paula