08 setembro 2007

Desaguar numa nova manhã

A estranheza do olhar
não está no rio no-fim-do-dia,
na tarde feita de escória de cores.
A estranheza está no que se foi
no que ainda não veio,
no fora que já é noite, entrementes.

Eu me imaginei firme como uma rocha
um São Pedro-de-botas
altivo e feliz.
Sou só a dobra dessa noite fora,
fluidez e acontecimento,
que se faz sentir como um rio.

Não é sem sangue
que me reviro de um lado para o outro
em lençóis suados
em cada palavra escrita
para desaguar numa nova manhã.

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