24 fevereiro 2009

I

O pé ligeiramente virado
numa obrigação de amor
ou... de ruas,
num momento de descanso,
mostrava o sapato.
Era marcado pela expressão
não me siga, e
trazia manchas,
formas não perfeitas de beleza
sobre a camurça.
O solado de borracha,
de fadigas, de fragilidades
se ia liso, propício
a um escorregão.
Cair não seria merecimento.

12 comentários:

Elcio Tuiribepi disse...

OLá Dauri, suas asperezas nos trazem belas palavras, este me dá a impressão de um eterno caminhar, um pouco cansado, mas deveras valente em seu propósito, vi isso nesta expressão "O solado de borracha,
de fadigas, de fragilidades
se ia liso, propício
a um escorregão.
Cair não seria merecimento".
Sei lá...só uma impressão...
De qualquer forma, vale muito o que você escreve, que você possa ter mais preguiças como essa...bom feriado...um abraço na alma

lula eurico disse...

E viva a preguiça, que no Dauri gera arte!

Márcio Ahimsa disse...

Melhor as asperezas rupestres do nosso coração, desfragmentado ou não, por mera preguiça, sem a cortiça da formalidade, para desenhar tão bela inteireza de poemas, tão bela sutileza de poesia. Não precisa de inspiração, não o poeta. Os pés é que conduzem o resto do corpo, a mão, o pensamento, que não se força a surgir.

Abraços, caro amigo.

Paula Barros disse...

Ando com muita preguiça e pouca inspiração e consequentemente sem escrever.

O que você escreve muitas vezes leio e levo processando, num processo de ruminar palavras.

Aguardando a continuação - fiquei a pensar nessa obrigação de amor...

abraços

Vivian disse...

...me ví nesse sapato.

será caso de um divã?

bjuss

Anônimo disse...

Se esses poemas são escritos com preguiça, ou por preguiça, imagina os que são escritos na vera? hahah

;*

Ava disse...

E viva a preguiça! E viva a falta de inspiração...rsrsrs
Vc é um gênio...
Consegues brincar com as palavras!
Ainda quero te ver inspirado!!!!!

Beijos avassaladores!

Sueli Maia (Mai) disse...

Oi, Dauri.

Essa palavra tem mais olhos e menos ouvido do que a anterior...

...Interessante é que na série anterior, a língua tinha ouvidos olhos e nariz...

Esta nova tem mais imagens.
Muito bom isto que me provocas.
Muito.

...

ARTISTA MALDITO disse...

Olá Dauri

Perdi-me nas fotos que mostram um sítio de sonho, lindissimo.

Grande força revelada na imagem do sapato.

Um bejinho
Isabel

Germano Viana Xavier disse...

Imagine então se tua poesia fosse escrita à luz da mais forte inspiração!

Poemas de caráter, eu diria.

Abraços, Dauri.
Continuemos...

Rosemeri Sirnes disse...

Querido Dauri, passei pra deixar um beijo. Me ensinas? Como escrever poemas tão bem sem inspiração?


Beijos

Oliver Pickwick disse...

Inserir um sapato gasto numa poesia e sem perder a virtuose, é para poucos.
Um abraço!